TERRA MINHA
| Diz-se muito por aí que "as coisas vulgares que há na vida não deixam saudade" e durante algum tempo, eu acreditei. Mas agora estamos confinados, presos entre "quatro paredes", num espaço que parece ficar mais apertado a cada dia que passa. Por vezes e por sorte, ainda há quem consiga inspirar ar puro no conforto das suas casas, mas, infelizmente, nem isso é para todos. E é realmente triste ser preciso uma pandemia tão avassaladora como esta para percebermos que o que tínhamos era o bastante para sermos felizes, que as coisas mais simples são as que realmente nos fazem falta. É claro que não faz mal querermos mais e melhor para as nossas vidas e lutarmos por isso, mas em tempos como os que vivemos hoje em dia, amar o que temos é quase como um dom quando não o deveria ser.
Penso que não sou a única a pensar assim, porém nada sei da vida alheia e, por isso, falo apenas por mim quando digo que era capaz de "virar o mundo do avesso" para voltar a ver os meus avós a sorrir, para voltar a aventurar-me em viagens como esta (para uma das terras mais bonitas que conheço neste nosso Portugal e também uma das que me viu crescer), para voltar a ter esta proximidade com tudo o que se mexe em vez de ver apenas uns olhos brilhantes, por vezes cheios de lágrimas e outras vezes cheios de esperança de que este pesadelo acabe, um pouco acima de um pedaço de tecido que parece enorme por quase conseguir esconder-nos a alma.
É estranho pensar que ainda há uns tempos dava tudo o que tenho como garantido. Sempre dei valor aos abraços, aos beijos, à família, aos amigos, à liberdade e muitas outras coisas banais que só dependiam de nós para acontecer, mas nunca as vi como efémeras, portanto vivia como se as mesmas nunca fossem desaparecer. Mas desapareceram, rápido demais.
Já devia saber que tudo é passageiro, umas coisas simplesmente duram mais que outras e nós temos de aprender a viver com o que vier. Sei que nada vai voltar a ser como era, mas enquanto tiver a dádiva que é a memória, ainda que por vezes apenas na forma de fotografias serei grata! Pois podia ser pior...
Por saber isso, hoje desabafo, recordo e partilho saudade em forma de imagens que me fazem sentir mais perto do que realmente me faz bem, as coisas vulgares que há na vida.
TERRA MINHA
Published:

TERRA MINHA

Published: